Pesquisa global aponta que mais de 75% dos jovens brasileiros sexualmente ativos já fizeram sexo desprotegidos

Publicado por: Editor Feed News
05/10/2017 22:31:53
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  • A informação faz parte de uma pesquisa global sobre a percepção e comportamento dos jovens com relação a sexo e contracepção, em comemoração ao 10º aniversário do World Contraception Day

 

  • ·         Intuito é mostrar que a educação sexual é essencial no empoderamento de jovens para entender seus direitos e responsabilidades quando se trata de sexo e contracepção

 

A gravidez não planejada de adolescentes é um problema de saúde pública que acomete jovens do mundo todo. Porém, o comportamento da população com relação ao sexo e contracepção não vem se modificando  diante desse cenário – é o que mostra a pesquisa global realizada em comemoração ao 10º aniversário do World Contraception Day (Dia Mundial da Contracepção), com mais de 3.000 adolescentes de ambos os sexos, com idade de 13 a 25 anos, em 15 países da Europa, África, Ásia, América Latina e América do Norte.

 

Segundo um reporte do Guttmacher Institute, que lidera organizações de pesquisa e políticas comprometidas com o avanço da saúde e direitos sexuais e reprodutivos nos Estados Unidos e em todo o mundo, cerca de 225 milhões de mulheres que querem evitar a gravidez não estão usando métodos contraceptivos efetivos, o que resulta em 208 milhões de gestações todos os anos, 41% das quais não  planejadas. Deve-se considerar também que cerca de 33 milhões são resultados de falha ou uso incorreto desses métodos, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

Uma pesquisa publicada pela US National Library of Medicine mostra que metade das gestações não planejadas acaba em abortos e, muitas vezes, em óbitos. Outros problemas mais comuns associados à gravidez na adolescência e citados na pesquisa incluiram: anemia, infecções pelo HIV e outras DSTs, hemorragia pós-parto e transtornos mentais, como a depressão.

 

A grande questão é que um alto número dessas mortes e danos poderia ser prevenido, principalmente, por meio da educação sexual. “Apesar do uso de contraceptivos ter expandido em números absolutos, esse aumento não acompanhou o crescimento populacional. Isso significa que as taxas de uso desses métodos são efetivamente inalteradas desde 2008, com base em dados da OMS. Além disso, a indicação de que 75% dos jovens brasileiros sexualmente ativos já fizeram sexo desprotegido reforça anecessidade de ampliar o acesso dos jovens a informações essenciais sobre sexo e contracepção”, afirma a obstetra e ginecologista Dra. Albertina Duarte Takiuti, responsável pelo Ambulatório de Ginecologia da Adolescência do Hospital das Clínicas de São Paulo.

 

Um dos motivos para a informação não chegar até esse público é o receio e/ou vergonha de iniciar uma conversa sobre sexo, tanto por parte dos adolescentes como dos pais e responsáveis. De acordo com a pesquisa global, por exemplo, mais de 90% dos participantes gostariam que o assunto  “contracepção” não  fosse um considerado um tabu.

 

Essa questão deve ser livre de estigmas, tabus e falsas crenças. Os jovens precisam de honestidade, conversas simples e conselhos sem julgamento moral. Informação é independência e educação empodera os jovens para entender seus direitos e responsabilidades quando se trata de sexo e contracepção, e permite que eles tenham controle de sua própria saúde reprodutiva”, completa Dr. Afonso Nazário, ginecologista e Professor Livre-Docente do Departamento de Ginecologia da UNIFESP.

 

Conhecimento sobre métodos contraceptivos

Atualmente existe uma grande variedade de métodos que promovem a contracepção, tais como  preservativo (camisinha), anticoncepcional oral, DIU (dispositivo intrauterino), injeção, adesivo, anel vaginal, implante, diafragma, entre outros. Porém, Dr. Afonso destaca que “todos devem ser definidos junto ao ginecologista, pois cada pessoa tem suas particularidades e preferências. Além disso, cada alternativa tem suas indicações e devem ser adequada ao contexto da pessoa.”

 

É importante lembrar que métodos confiáveis devem ser diferenciados daqueles que não trazem a segurança necessária, como é o caso do coito interrompido e do monitoramento da fertilidade por meio de calendário ou “tabelinha”. Dito isso, apesar de alguns jovens brasileiros considerarem esses métodos seguros, a boa notícia é que a maioria está ciente de que existem outros relativamente mais seguros,  como  o preservativo, ou “camisinha” (89,6%), e muito seguros, como a  pílula anticoncepcional (82,1%).

 

Por outro lado, muitos ainda não conhecem as demais opções. Cerca de metade dos jovens brasileiros não tem informações sobre o anel vaginal (54,7%), o implante hormonal  (52,7%), o diafragma (50,2%) ou o adesivo (48,3%). Mais de 40% não conhecem o DIU de cobre e o SIU (sistema intrauterino) hormonal e 23,4%  desconhecem os métodos contraceptivos injetáveis.

 

Fonte de informação

“A gravidez na adolescência não é resultado de escolhas deliberadas, mas da falta de opções. É uma consequência, também, do pouco ou nenhum acesso a escolas, informações e serviços de saúde”, ressalta Dra. Albertina. Além disso, outro dado reportado pela pesquisa é que, para mais da metade dos brasileiros (56,2%) a educação sexual nas escolas é insuficiente, mesmo que este seja considerado o local mais comum  de aprendizado sobre esse tópico (de acordo com 52,2% dos entrevistados).

 

A pesquisa mostrou ainda que os meios mais comuns utilizados pelos brasileiros para se informar sobre sexo são os pais (39,8%), amigos (37,8%), livros ou revistas (35,3%), sites educacionais (31,8%), “materiais pornográficos” (29,9%) e, em último lugar, um aliado importantíssimo na conscientização sobre atitudes que devem ser tomadas e opções disponíveis para a prática de sexo seguro: os médicos (25,9%).

 

“Serviços de saúde sexual devem ser convidativos aos jovens. Aqueles que buscam tratamentos, contraceptivos e conselhos deveriam se sentir confortáveis quando fazem isso. Esses serviços também devem ser livres e facilmente disponíveis para homens e mulheres. Diferenciação entre gêneros é um dos maiores obstáculos na luta para aprimorar a saúde reprodutiva. A Bayer há 10 anos realiza o Dia Mundial de Prevenção da Gravidez não Planejada em mais de 70 países com o objetivo de aumentar a conscientização sobre o tema ”, relata Rubens Weg, gerente geral da divisão Pharma da Bayer Brasil.

 

O que importa na hora do sexo?

Partindo para o lado comportamental, os pesquisados indicaram alguns fatores que ajudam ou atrapalham no momento do sexo: os dados globais mostram que, no geral, os jovens priorizam o amor ao se relacionar com alguém. Cerca de 72,1% afirmaram que ter um(a) parceiro(a) que eles amam é o aspecto mais importante a ser considerado, e que a proteção está em segundo lugar (53,5%). Já para os brasileiros, estar com alguém que amam é tão importante quanto estar protegido.

 

Quanto aos outros fatores que importam para os brasileiros, estão a confiança no(a) parceiro(a), ter os próprios desejos e necessidades respeitadas pelo outro, ter orgasmo e se divertir. Já os principais motivos da perda de desejo sexual são a falta de higiene ou forte odor corporal, egoísmo, olhar o celular, recusa a usar um método contraceptivo e ser chamado pelo nome errado.

 

“É de extrema importância estar no controle da sua vida. É a sua educação, seu parceiro, sua carreira. Você decide o seu futuro. A contracepção segura lhe dá poder para se envolver totalmente e viver sua vida ao máximo. Conhecer seu corpo e os métodos contraceptivos disponíveis lhe dará mais liberdade e confiança para tomar decisões na sua vida. Fale abertamente sobre sexo e contracepção com seu médico e se mantenha no controle do seu corpo e da sua vida sexual. A escolha é sua”, finaliza Dr. Afonso.

 

Sobre o World Contraception Day

Com o objetivo de melhorar a educação sexual, promover a conscientização sobre a contracepção moderna e reduzir os altos índices de gravidez não planejada e/ou de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) em todo o mundo, foi criado o Dia Mundial da Prevenção da Gravidez Não Planejada, que acontece em 26 de setembro. A ação é uma iniciativa de ONGs e sociedades internacionais – com apoio mundial da Bayer. No site da campanha www.vivasuavida.com.br é possível encontrar diversas informações sobre sexo seguro, gravidez e contracepção, entre outros temas.

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