Um homem do mar

Publicado por: Editor Feed News
04/04/2017 11:18:53
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Por Baltazar Miranda Saraiva

 

Pouca gente sabe, mas a Marinha do Brasil nasceu, praticamente, com a nação que ela protege. Desde o nosso descobrimento que as antigas potências - econômica e militar-, almejavam as riquezas do Brasil. A ameaça de invasão era constante, principalmente pelo mar, haja vista a imensa faixa marítima do nosso território.

 

Como os invasores chegavam pelo mar, desde muito cedo surgiu a necessidade de se criar um sistema de defesa que garantisse a proteção de nossa costa. O litoral brasileiro é um dos maiores do mundo, com 7.491 quilômetros de extensão. Daí a necessidade de uma força como a Marinha, capaz de proteger essa imensidão e garantir a subsistência das províncias sob o domínio nacional.

 

Nossos colonizadores, os portugueses, exerciam resistência armada nas províncias da Cisplatina, Bahia, Maranhão e Pará, além do domínio do litoral, que dava uma enorme vantagem ao império brasileiro, permitindo expulsar os invasores, forçar o Norte a submeter-se e colocar as diversas províncias sob a autoridade nacional, além de impedir a chegada de reforços de Lisboa. Assim, era necessário iniciar o processo de formação da Marinha Imperial, que, de fato, teria um peso importante na conquista da nossa independência.

 

Nossa Marinha é a maior das Américas, depois da dos Estados Unidos. O seu patrono é o Marquês de Tamandaré. É a mais antiga das Forças Armadas brasileiras e uma das dez marinhas do mundo a operar um porta-aviões.

 

Aqui na Bahia ela é comandada pelo vice-almirante Almir Garnier dos Santos. O novo comandante do 2º Distrito Naval, antes de assumir o posto, atuava como assessor especial militar do Ministro da Defesa. Formado pela Escola Naval em 1981, Almir Garnier também foi comandante do Navio-Tanque "Almirante Gastão Motta", do Centro de Apoio a Sistemas Operativos, gerente de Projetos e Diretor do Centro de Análises e Sistemas Navais, além de dirigir a Escola de Guerra Naval.

 

A Marinha possui 15 diferentes postos e graduações. Seus militares são divididos em dois grupos principais: o Corpo de Fuzileiros, que fica em terra, e o Corpo da Armada, que cuida das embarcações.

 

Em sua composição temos o Corpo de Engenheiros e o Corpo de Saúde. As unidades dos fuzileiros formam uma espécie de infantaria, enquanto os marujos da armada espalham-se em seus 110 navios e nas diversas aeronaves. A Marinha também tem aviões e helicópteros. O degrau inferior da hierarquia mostra que há mais militares no mar do que em terra. Os navios, que são as armas que diferenciam a Marinha das outras forças, são organizados em departamentos – como o de convés e o de máquinas – que podem ter divisões.

 

No convés, por exemplo, as divisões mais comuns são a proa, a popa e o meio-navio. Marinheiros, cabos, sargentos e suboficiais trabalham nas divisões. Cada embarcação tem um comandante e um imediato, ou subcomandante. O posto do chefão a bordo aumenta conforme a dimensão do navio. Um porta-aviões, por exemplo, é comandado por um capitão-de-mar-e-guerra.

 

Um dos mais importantes comandos da nossa Marinha é o Comando do 2º Distrito Naval. Nele, atualmente, se encontra um dos melhores marinheiro do Brasil: o Vice-Almirante Almir Garnier dos Santos. Nascido em 22 de setembro de 1960, no Rio de Janeiro, ingressou, aos dez anos de idade, como aluno do curso de formação de operários na extinta Escola Industrial Comandante Zenethilde Magno de Carvalho. Em 1977 graduou-se técnico em estruturas navais na Escola Técnica do Arsenal de Marinha.

 

Em 1978 cursou a Escola Naval na Ilha de Villegagnon, no Rio de Janeiro, da qual saiu em 1981, graduado em primeiro lugar. Após o regresso da viagem de instrução, a bordo do Navio-Escola “Custódio de Mello”, em 1982, foi nomeado Segundo-Tenente, vindo a servir na Fragata “Independência”, como Ajudante da Divisão de Operações.

 

Depois de um longo caminho de trabalho e dedicação à Marinha e ao Brasil, que começou como aluno operário no curso de formação no Arsenal da Marinha, foi promovido, em 31 de março de 2010, ao posto de Contra-Almirante e, em 31 de março de 2014, ao posto de Vice-Almirante.

 

Entre as inúmeras condecorações recebidas destaca-se a Medalha Ordem do Mérito Judiciário Militar (OMJM), - Grau Alta Distinção-, criada pelo Superior Tribunal Militar (STM), em Sessão de 12 de junho de 1957 e outorgada por ocasião da comemoração dos 209 anos da Justiça Militar no Brasil.

 

Atualmente, esse extraordinário marinheiro é responsável por uma área de jurisdição de mais de 1.100.000 km², englobando todo o estado da Bahia e de Sergipe, o norte de Minas Gerais e o sudoeste de Pernambuco, cortada pelo “velho chico”, de Pirapora a Paulo Afonso e sendo limitada a leste por cerca de 1.200 Km de fronteira Atlântica. Entre as importantes tarefas atribuídas ao Comando do 2º Distrito Naval estão executar operações navais, aeronavais e de fuzileiros navais, contribuir para a segurança do tráfego aquaviário, segurança da navegação no mar aberto e hidrovias interiores, além da prevenção da poluição hídrica por parte de embarcações, plataformas e suas instalações de apoio.

 

Um artigo é pouco para discorrer sobre a vida e a obra desse extraordinário marinheiro. Por isso, e considerando o pequeno espaço que todo artigo dispõe, permito-me saudá-lo parafraseando o poeta Renée Venâncio, dizendo que o vice-almirante Almir Garnier dos Santos é um homem do mar, que navega nas ondas bravias dos mares distantes, içando as velas e se entregando aos ventos, enquanto nós, homens da terra, nos quedamos no cais.

 

*Baltazar Miranda Saraiva é desembargador e membro da Comissão de Igualdade do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJBA), e representa a magistratura como participante da Diretoria Executiva da Associação Nacional dos Magistrados Estaduais (ANAMAGES), na condição de Vice-Presidente Social, Cultural e Esportivo

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