Pediatra explica como evitar a diarreia aguda em crianças no verão

Publicado por: Editor Feed News
06/01/2017 16:59:44
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Cuidados com a “diarreia aguda”

 

 

Típica no verão, os pais devem ficar atentos com a desidratação que acontece com a perda de líquidos e sais minerais nas evacuações continuas

 

Por Dra. Priscila Zanotti Stagliorio

 

Quem é mãe sabe que não existe tabu para nenhum assunto que se refere aos filhos, muito menos falar de cocô. No calor, os cuidados devem ser redobrados sobre a alimentação e higiene das crianças, especialmente porque é a época em que ocorrem muitos casos de diarreia, algumas agudas e outras consideradas crônicas. Vou explicar o que significa cada uma delas, mas antes, vale lembrar que o organismo (de adultos e crianças) geralmente “usa” a diarreia como solução para expulsar algum vírus e ou bactéria que tenta se alojar no nosso corpo, o que muda é a evolução que se dá no quadro clínico de cada paciente.

 

Diarreia aguda:

 


Chamamos de diarreia quando as fezes perdem a consistência e o número de evacuações aumenta, provocando mal-estar e, principalmente, desidratação (perda de líquido e sais minerais) com quadros moderados a graves em pouco tempo, devendo à criança receber atenção e atendimento médico imediato. Tem duração menor ou igual a 14 dias e corresponde a cerca de 16% dos atendimentos nas emergências pediátricas e 9% nas internações de crianças menores de 5 anos. Cerca de 74% dos diagnósticos são por vírus, 20% por bactérias e 6% por parasitas.


Em geral, a diarreia é benigna e pode estar associada a vários fatores que desencadeiam uma crise como, por exemplo, alimentos e água contaminados, falta de higiene nas mãos, brinquedos e utensílios compartilhados ou no contato entre as pessoas.

 

Diarreia crônica:


Com sintomas similares ao da diarreia aguda, a versão crônica persiste por até três ou quatro semanas ou se apresenta com surtos recorrentes e pode ser o indicio da síndrome do intestino irritado e outras enfermidades como a doença de Crohn e colites ulcerosas.

 

Causas:

 

Em geral, as diarreias são provenientes de causas infecciosas e podem ser classificadas como:
Virais – Rotavirus, Adenovirus, Astrovirus, Calicivirus, Norwalk vírus);
Bacterianas – E. coli,principalmente enteropatogênica clássica (EPEC), Salmonella sp, Shiguella sp, Yersinia sp, Clostridium difficile, Aeromonas, Vibrio cholerae, Campylobacter jejuni;
Protozoários – Giardia lambia, Entamoeba histolytica, Criptosporidium.
Causadas por medicações – antibióticos, laxativos.
Causas alérgicas – alergia à proteína do leite de vaca e/ou soja.
Causas funcionais – síndrome do cólon irritável.
Causas inflamatórias – doença de Crohn, ou colite ulcerativa.

 


Sintomas:

 


Além das fezes moles, pode ocorrer vômitos, febre, tenesmo (espasmos dolorosos seguidos de vontade de evacuar mesmo quantidade mínima de fezes), dores e ou distensão abdominal, tosse, coriza, anorexia (falta de apetite) e falta de controle durante o sono e após a alimentação.

 


Desidratação – considerada como um dos mais perigosos sintomas e resultados da diarreia, a desidratação requer atendimento rápido para evitar até possível óbito. Os sintomas são: boca e língua secas (pouca saliva), choro seco (ausência de lágrimas), pele enrugada com aspecto opaco e sem vida (medido na região do umbigo), alteração na respiração que pode ficar mais acelerada e curtinha no qual indica a necessidade de atendimento médico presencial.

 


Desnutrição – acontece o distúrbio hidroeletrolítico, acidose metabólica, choque e insuficiência renal aguda. O diagnóstico é feito com base na anamnese e no exame físico. A maioria das crianças não precisam de exames, mas realizados em casos peculiares com rápida evolução e comprometimento do estado geral da criança, assim como surtos em berçários, creches e escolas.

 

O que fazer:

 


Se possível, fale com o pediatra da criança (por telefone, mensagens e ou e-mails) antes de ir ao pronto socorro e explique o estado geral em que se encontra. Não é indicado o uso de remédios como tratamento. Como mencionei no início deste texto, a diarreia é benigna, ou seja, trata-se de uma defesa do organismo contra possíveis bactérias e doenças. O ideal é repor a quantidade de água e sais minerais de acordo com a perda da criança. Por exemplo, se evacuou duas vezes, pode oferecer água, água de coco ou suco (dê preferência aos naturais) para repor a hidratação, na sequência. Para casos de vômitos, dificilmente a criança conseguirá manter o liquido ingerido, neste caso, é indicado leva-la em consulta com o pediatra para uma avaliação presencial e recomendações que ajudem na recuperação. Em geral, o acompanhamento se dá no ambulatório em período comum para a reidratação da criança.

 

Dicas finais:

 


No verão os alimentos se deterioram com mais facilidade, as crianças brincam mais nas piscinas e nos parques, sem contar que muitos de nós cedemos a tentação de tomar um sorvete sem saber a procedência e sem nos atentarmos sobre a condição em que o produto foi conservado (armazenagem em gelo feito com água contaminada). Mas também, não adianta ficarmos neuróticos, pois as causas da diarreia podem ser variadas e não como ter certeza de qual a sua origem.

 


O ideal é manter alimentação saudável e dar preferência para o consumo de maçã sem casca e banana nanica, pão puro, arroz normal, batata cozida (não purê). Nos dias mais quentes atentar-se a hidratação e reposição de líquidos perdidos no suor por exemplo. Também, higienizar brinquedos e utensílios compartilhados, além de ensinar as crianças a lavar as mãos com mais frequência e ou os pais o fazerem naquelas que ainda não conseguem sozinhas.

 


A cada perda de líquidos, com recomendação da pediatra, pode-se indicar a ingestão de soro caseiro para reidratar a criança.

 

 

 

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