“O novo normal”. Há cada vez mais bebés abandonados nas ruas da Venezuela

Publicado por: Editor Feed News
10/03/2020 15:44:37
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Há cada vez mais bebés a sendo abandonados nas ruas e edifícios públicos da Venezuela, que está mergulhada numa profunda crise social e económica, uma das mais graves da história recente do país.

 

Ciente deste problema, o artista venezuelano Eric Mejicano colocou mais de 300 cartazes em vários pontos de Caracas, nos quais ilustra um bebé a ser colocado no lixo e se pode ler: “Proibido descartar bebés”, conta a emissora britânica BBC.

 

Um recém-nascido foi abandonado num caixote do lixo perto da casa do artista, alertando Mejicano sobre este problema. “Queria que as pessoas se apercebesse de que algo que nunca deveria ser normal está a tornar-se no novo normal”, disse.

 

Ouvidos pela emissora britânica, trabalhadores dos serviços de saúde e proteção de menores da Venezuela revelaram que as situações de abandonos irregulares de crianças são cada vez mais comuns no país.

 

Nelson Villasmil, do Conselho de Proteção da Criança e Adolescente do Município Sucre, disse que, nos últimos tempos, viu aumentar o número de casos de bebés que são entregues a outras pessoas à margem dos procedimentos legais de adoção. Muitas destas crianças nasceram de adolescentes ou famílias com poucos recursos financeiros.

 

“A crise está a favorecer os atalhos”, lamentou, dando conta que estas situações sempre aconteceram, mas que a frequência dos abandonos é agora muito maior, podendo mesmo haver um aumento de cerca de 70%.

 

O Governo da Venezuela não divulga dados sobre as taxas de abandono e/ou adoção há anos. A BBC tentou, sem sucesso, contactar o Ministério das Comunicações e o Instituto Autónomo de Direitos das Crianças e Adolescentes do país.

 

Faltam contracetivos e literacia sexual

Especialistas citados pela BBC apontaram os principais motivos para a elevada taxa de gravidezes não indesejadas na Venezuela: faltam contracetivos na Venezuela e, os que existem, são muito caros. Além disso, falta literacia sexual.

 

A falta de conhecimentos leva “uma clara vulnerabilidade dos direitos sexuais e reprodutivos das adolescentes venezuelanas, que têm diminuída a possibilidade de decidir sobre a sua sexualidade e controlar a sua reprodução”.

 

A somar a tudo isto, há ainda a lei muito restritiva sobre a interrupção voluntária da gravidez. Na Venezuela, o aborto só e permitido em casos em que esteja em causa a vida da gestante, condição que leva, segundo ativistas femininas e especialistas, a um aumento nas interrupções de gravidez clandestinas.

 

Tendo em conta tudo isto, cada vez mais mulheres jovens optam pelo abandono.

“Aqui encontramos muitas vezes as mães, sobretudo as adolescentes, que não querem levar os seus filhos depois de dar à luz”, explica uma trabalhadora da maternidade Concepción Palacios, uma das mais concorridas da capital Venezuelana.

 

Fonte: Planeta ZAP //

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